21 / 11 / 2025 - 15h31
Bolsonaro pede ao STF prisão domiciliar humanitária alegando quadro clínico grave

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a concessão de prisão domiciliar humanitária em substituição ao regime inicial fechado estabelecido na condenação de 27 anos e 3 meses pela trama golpista.

 

Os advogados afirmam que Bolsonaro tem um quadro de saúde “grave e complexo”, incompatível com o encarceramento comum. Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto. Segundo a petição, o ex-presidente permaneceria em casa, sob monitoramento eletrônico, e estaria sujeito a todas as restrições que o ministro considerasse adequadas.

 

A defesa também pediu autorização para deslocamentos exclusivamente médicos, desde que comunicados previamente — ou justificados em até 48 horas em casos de urgência. “É certo que a manutenção da custódia em ambiente prisional representaria risco concreto e imediato à integridade física e à própria vida do peticionário, motivo pelo qual a concessão da prisão domiciliar em caráter humanitário é medida de rigor”, afirmam os advogados no documento apresentado a Moraes.

 

Defesa cita diferentes doenças do ex-presidente

 

Os advogados sustentam que a ida de Bolsonaro ao regime fechado representaria risco à vida, em razão de múltiplas comorbidades e da necessidade de acompanhamento médico contínuo. O documento relata que ele já foi ao hospital três vezes desde que teve a prisão domiciliar decretada.

 

Entre as condições listadas estão:

 

- Sequelas permanentes do atentado a faca de 2018, como hérnias residuais, aderências intestinais e perda de parte do intestino grosso;

- Episódios recorrentes de pneumonia aspirativa relacionados à Doença do Refluxo Gastroesofágico;

- Soluços que exigem ajuste diário de medicamentos e já provocaram falta de ar e desmaios;

- Hipertensão, doença aterosclerótica do coração e obstruções nas carótidas;

- Diagnóstico de apneia do sono grave, que demanda uso de CPAP, aparelho que trata distúrbios respiratórios do sono;

- Ocorrência recente de carcinoma de células escamosas “in situ”, detectado em setembro de 2025.

 

“O certo é que a alteração da prisão domiciliar hoje já cumprida pelo peticionário terá graves consequências e representa risco à sua vida”, afirma a defesa de Bolsonaro.

 

Advogados lembram caso Collor

 

Os advogados de Bolsonaro destacam no documento que o Código de Processo Penal permite substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o preso estiver “extremamente debilitado por motivo de doença grave”.

 

A defesa defende uma interpretação humanitária da norma, argumentando que não se deve exigir que o condenado esteja em estado terminal para ter direito ao benefício. A petição também menciona precedentes do próprio STF que flexibilizaram requisitos da Lei de Execuções Penais em situações excepcionais de saúde.

 

Entre eles, destaca a decisão de Moraes que concedeu prisão domiciliar humanitária ao ex-presidente Fernando Collor, após sua condenação definitiva a 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro em contratos irregulares da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, com a UTC Engenharia. “Em razão das informações já reunidas, é possível verificar que eventual determinação para que o peticionário cumpra sua pena em penitenciária colocará em risco sua saúde, prejudicando a atenção e o tratamento médico que hoje já são necessários.”

 

Fonte: R7

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