28 / 10 / 2025 - 15h39
Furacão Melissa avança pela Jamaica com ventos de quase 300 km/h
As autoridades da Jamaica pediram à população que busque abrigo antes da chegada iminente do furacão Melissa que, segundo avaliações da Cruz Vermelha nesta terça-feira (28), pode afetar pelo menos 1,5 milhão de pessoas na nação insular. A tempestade de categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson, avança lentamente pelo Caribe, onde já deixou sete mortos: três na Jamaica, três no Haiti e um na República Dominicana.
 
O Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos informou na manhã desta terça-feira que Melissa estava a aproximadamente 185 quilômetros de Kingston, capital da Jamaica, com ventos de 280 quilômetros por hora. Os fortes ventos, combinados com chuvas intensas, podem causar uma devastação semelhante a de outros furacões históricos, como o Maria em 2017 ou o Katrina em 2005.
 
A Cruz Vermelha da Jamaica já começou a distribuir água potável e kits de higiene à população. "Há algumas áreas onde deslizamentos de terra já estão ocorrendo", disse Esther Pinnock, responsável pela comunicação da ONG, à AFP. A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) calcula que quase 1,5 milhão de pessoas podem ser afetadas pela tempestade. A Jamaica tem uma população de cerca de 2,8 milhões de habitantes.
 
"A ameaça humanitária é grave e imediata", disse Necephor Mghendi, chefe da delegação da FICV para o Caribe de língua inglesa e holandesa.
 
O primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, afirmou que o extremo oeste da ilha enfrentava a pior destruição e pediu aos moradores que se retirassem."Não acredito que haja qualquer infraestrutura nesta região que possa suportar uma tempestade de categoria 5, então pode haver perturbações significativas", disse ele à CNN na segunda-feira.
 
Apesar das ordens de evacuação, muitos jamaicanos decidiram ficar."Não vou me mexer. Acho que não consigo escapar da morte", disse Roy Brown à AFP na área costeira de Port Royal, em Kingston. O encanador estava relutante em deixar sua casa devido a experiências anteriores com as más condições dos abrigos do governo para furacões.
 
Holness afirmou que a saída dos moradores é para "o bem nacional de salvar vidas". "Vocês foram avisados. Agora depende de vocês", disse em uma coletiva de imprensa.
 
Se não perder intensidade, Melissa será o furacão mais poderoso a atingir a Jamaica desde o início dos registros meteorológicos. Parte de seu impacto vem de seu ritmo lento: o furacão avança mais devagar que uma pessoa caminhando, o que o faz permanecer mais tempo em cada local por onde passa.
 
O furacão também ameaça o leste de Cuba, assim como o sul das Bahamas e o arquipélago das Ilhas Turcas e Caicos, um território britânico. Em Cuba, onde há dificuldades para difundir informações preventivas por causa da falta de energia elétrica, as autoridades aceleram os preparativos para enfrentar Melissa nesta terça-feira. O Conselho de Defesa Nacional declarou "fase de alerta" em seis províncias do leste: Santiago de Cuba, Guantánamo, Holguín, Camagüey, Granma e Las Tunas.
 
As autoridades começaram a retirar cerca de 650.000 pessoas dessas províncias, onde os moradores estocam suprimentos e tentam proteger os telhados de suas casas com cordas. Aulas e atividades de trabalho não essenciais foram suspensas. 
 
"Tenho muito medo porque é um furacão muito perigoso. Podem acontecer coisas sérias, pode destruir a casa da gente, levar o telhado [...] Tenho pânico do vento", contou à AFP Anabel Chacón, dona de casa de 62 anos que vive em uma casa de folhas de zinco em Bayamo, capital de Granma.
 
Fonte: Correio do Povo
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