14 / 08 / 2025 - 10h43
Parnaíba 181 anos: trabalho que transforma, cidade que avança
Banhada pelo mar aberto, que embeleza a praia da Pedra do Sal, e pelo Rio Igaraçu, braço do Rio Parnaíba que inicia o maior Delta das Américas: a cidade de Parnaíba, que completa aniversário nesta quinta (14), também tem nas águas doces de suas lagoas importante fonte de renda, histórias e preservação.
Nessa reportagem, o g1 conta um pouco da importância das lagoas que banham o segundo município piauiense de maior população — que completa 181 anos de emancipação política — e de onde centenas de famílias vivem da pesca, da agricultura e do turismo originados por elas.
Considerado um dos principais cartões postais não só de Parnaíba, mas do Piauí, a Lagoa do Portinho é um verdadeiro cenário paradisíaco. Entre as dunas de areia branca e o verde da vegetação nativa, as águas da lagoa atraem parnaibanos, turistas e gente que vem de fora.
Um desses visitantes que se encantaram com as belezas da Lagoa do Portinho há mais de 20 anos foi o empresário Luís Aragão. Dono de um restaurante no local, ele conta que passou por muitos desafios no local — como ver a lagoa praticamente secar, até uma grande cheia, e hoje, com a retomada do turismo.
"Eu sou considerado o herói da resistência porque passei por quase tudo aqui. Teve a duna que invadiu a pista, e o pessoal que vinha da praia não tinha acesso, na época fiz um desvio, depois que a prefeitura fez outro, e depois veio a pandemia, a seca, a cheia, veio tudo", destacou.
Vindo do Ceará e devoto de Padre Cícero, ele diz que hoje agradece por ter visto a lagoa praticamente ressurgir, o que considera um milagre. "Todo mundo dizia que a lagoa estava morrendo, secando, que não ia mais pra frente. E eu falei: 'vou falar com Padim Cícero', e ele ajudou e a lagoa voltou. Para mim, foi tipo um milagre, ressurgiu a água da lagoa", destacou.
Em uma lagoa que fica do outro lado da cidade, moradores vivem da piscicultura. É o caso do Osvaldo Nunes, que cria tilápias desde 2016 na Lagoa da Prata, na zona rural de Parnaíba, próximo à Zona de Processamento de Exportação (ZPE). A lagoa é abastecida pelas águas tanto do Rio Parnaíba quanto por nascentes naturais.
Osvaldo conta que, quando começou a criar os peixes, a lagoa estava bastante degradada, com resíduos como pedaços de geladeira e bicicletas. Ele liderou ações conscientização ambiental, instalando placas informativas e ajudando na limpeza do lugar.
“Antes eu pescava manjuba, comprei até uma canoa para isso, mas quis sair da subordinação e formei um grupo de piscicultores. Para fazer o cultivo tem que prestar atenção às condições do tempo e da lagoa, exige aprender um pouco”, relata.
A associação de piscicultores formada por Osvaldo conta com cerca de dez famílias, embora nem todos estejam diretamente envolvidos na atividade.
As tilápias são compradas de um fornecedor e alimentadas com ração específica, de acordo com o tamanho delas. Após cerca de dois meses, elas são levadas para gaiolas de engorda, onde são abatidas e, depois, vendidas.
“A comunidade ribeirinha é forte, mas a gente tem que lidar com os tanques velhos e a ração cara. Como não recebemos muito incentivo, os jovens têm preferido se envolver com outras atividades”, aponta Osvaldo.
Conservação e revitalização
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Parnaíba, as lagoas da cidade receberam mutirões de limpeza e ações de conscientização para os moradores no primeiro semestre de 2025.
O secretário Rubens Ferreira afirma que houve o plantio de ipês e outras árvores nativas na Lagoa do Bebedouro, que agora conta com uma orla revitalizada.
“A gente limpou o entorno com mutirões para catar plástico, vidro e outros materiais. Também fizemos palestras em escolas da rede municipal para conscientizar os alunos e treinamos as equipes de poda para não prejudicarem a vegetação”, elenca.
A limpeza do entorno também aconteceu na Lagoa da Prata, cujos pescadores e piscicultores foram orientados sobre o descarte correto do lixo produzido durante suas atividades.
Em relação à Lagoa do Portinho, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí recuperou a vegetação nativa e construiu um píer, áreas de lazer e salas de artesanato em dezembro de 2024.
“Quando as dunas invadem as pistas, a prefeitura autoriza a retirada da areia. Verificamos também onde o lixo é descartado e como o esgoto é tratado”, completa Rubens.
Fonte: g1piauí
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